Pedido de Esclarecimento de Metáfora a Franz Kafka

Pedido de Esclarecimento de Metáfora Caro Sr. Franz Kafka

            Gostaria de manifestar o pedido de esclarecimento de metáfora, pois segundo fui informado, teria problemas com a seguinte parábola enviada sobre nossos militantes de partido, acredito que o senhor tenha se referido a eles como símiles, já outros, como alegorias. Ambos tem sentido diferente, pois de um lado dizem respeito à relação do jovem de partido com a imitação uns dos outros e ao fato de se referirem a outras coisas externas utilizando outras palavras.

            Neste sentido, quando alguém fala “revolução”, diz respeito a uma acirrada disputa eleitoral por um espaço político constrito por um determinado período de tempo, propiciando, com este recurso, ser visto como outro e os outros como se fossem parte deste espaço. Funciona ao mesmo tempo como um telescópio e um letreiro de néon. Por outro lado, também ouvimos sobre a “luta de classes”, que segundo pudemos constatar, representa a luta entre os diversos partidos estudantis e os demais estudantes egressos de distintas classes sociais que possam ter interesses não eleitorais.

            Optamos por chamá-los militantes, vocábulo que talvez não conheça, por aversão à proximidade do termo com a palavra militar e seu poder irresistível sobre os civis. Em seu período, os filólogos acreditavam que militante vinha de militar, a partir da estranha transformação de um substantivo em verbo, deste modo, militar no sentido de que alguém milite, referia-se ao fato de um grupo social que age como um milico. Hoje esta teoria está descartada e sabemos que não se age politicamente apenas em uma entidade que obrigue as ações humanas a mimetizar as organizações mais autoritárias da sociedade, mas isto somente porque aprendemos a fugir tão prontamente avistemos sua sombra.

            O fato de que, ao nos movermos, isto poder significar um gesto contra a revolução e a esperança de alterar o quadro terrível de autoritarismo e destruição que por aqui encontramos também nos enche de vergonha. Entre o medo e a vergonha, ficamos atônitos. Achava que havia uma saída deste impasse, pois alguns companheiros se sentiam temerosos da necessidade constante de demonstração de força que obriga pôr-se em movimento em meio a tudo isso, pois o sinal de qualquer gesto, por menor que seja, é encarado como se estivéssemos inseridos na mesma disputa alegórica que os partidos, quanto para alguns de nós, revolução e luta de classes significaria outra coisa. 

            Se puder nos esclarecer sobre esta metáfora ficaria grato dado o fato de que ela pode nos trazer problemas e inimizades.      

 

 Grato pela atenção lembrando que abaixo segue o texto com correções

 

Douglas A.      

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